terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Sol da meia-noite ou noite polar?


A altura do ano em que visitamos a Islândia condiciona muito as nossas opções. Isto acontece porque os dias por lá têm uma duração muito diferente dos nossos em alguns meses do ano. Por isso o planeamento de uma viagem até à Islândia irá depender muito daquilo que desejamos ver e experienciar.


Decerto já ouviram falar do Sol da meia-noite, fenómeno natural que ocorre ao norte do Círculo Polar Ártico e ao sul do Círculo Polar Antártico, em que o Sol se torna visível durante 24 horas, nas datas próximas do solstício de verão. O número de dias do ano em que este fenómeno é visível é maior, quanto mais próximo se está dos polos (deixo uma ilustração para os mais curiosos que retirei do EAPS, Earth, Atmospheric and Planetary Sciences (https://eapsweb.mit.edu/news/2015/planet-for-all-seasons).


A Islândia é atravessada pela linha co Círculo Polar Ártico e, portanto, este fenómeno é bem visível por lá. O dia mais longo ocorre no solstício de verão, por volta do dia 21 de junho. Nesse dia o Sol põe-se logo após a meia-noite e sobe novamente pouco antes das 3h da manhã, em Reykjavík. Quanto mais para norte formos, maior será o dia!

No solstício de inverno acontece exatamente o contrário. O dia 21 de dezembro é o dia mais curto do ano, com apenas 4 horas de dia. Em Reykjavík, o nascer do sol acontece por volta das 11:30 da manhã e o pôr do Sol ocorre por volta das 15:30. Também neste caso, quanto mais para norte nos deslocarmos maior será a noite.

Entre o dia mais curto e o dia mais longo do ano, os dias vão ficando cada vez mais longos (e vice-versa), de apenas alguns segundos até vários minutos por dia. O Equinócio ocorre duas vezes por ano, por volta de 21 de março e 21 de setembro, quando há aproximadamente uma quantidade igual de luz do dia e de escuridão.

Há, por isso, que pensar bem antes de planear a viagem. O que queremos ver? Uma Islândia cheia de gelo e neve, com aventuras mais radicais, mas com menos horas de luz para desfrutar? Ou será que preferimos dias menos frios, mais longos e que nos permitem passear sem preocupações de chegar antes do anoitecer?

Nós preferimos a segunda opção, por mais atrativa que seja a primeira. Com dias longos e menos frios podemos desfrutar muito mais. Já imaginaram o que é ter 24 horas de dia? Sim, pode parecer estranho, sobretudo se pensarmos que não temos o ‘escuro’ para dormir. Mas isso resolve-se bem com umas boas cortinas ou uma boa venda. Além disso, o cansaço físico de andar a subir e a descer vulcões e cascatas dão uma ajudinha.

Ainda assim, eu e a minha malta não fomos exatamente no solstício de verão e, portanto, nunca vimos o Sol da meia-noite. Na altura em que fomos, final de agosto, o Sol punha-se por volta das 22h (deixo aqui uma foto do gráfico da luz do dia que vinha no nosso mapa), o que foi bastante bom e nos permitiu aproveitar ao máximo os dias. Mas fiquei a pensar como seria espetacular poder vivenciar o Sol da meia-noite nas hotsprings de Myvátn, ou mesmo na Blue-Lagoon….terá de ficar para a próxima visita…


Tecnicamente falando, o Sol da meia-noite só ocorre (em Reykjavík) entre os dias 16 e 29 de junho, pois estes são os únicos dias do ano em que o Sol se põe depois da meia-noite. Deve ser estranho saber que o Sol se pôs, mas o dia ainda está brilhante e que poucas horas depois já está de volta ao céu. As noites brilhantes duram cerca de 3 meses (45 dias antes e depois do dia 21 de junho).

Estes pores-do-Sol e nasceres-do-Sol lentos criam paisagens incrivelmente pitorescas, exibindo céus coloridos que duram horas e permitem fotografias fantásticas. Não tivemos essa sorte…

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Acampando em terras vulcânicas


Com excepção de 3 noites, das quais falarei mais à frente, pernoitamos sempre em parques de campismo. Há muitos pela Islândia (170) (para ver a lista de campings, acomodações e piscinas naturais - http://icelandreview.com/publication/aning-2016-accommodation-iceland). Os campings são privados. Eu até me atreveria a dizer que qualquer um com um terreno plano e relvado pode abrir um parque de campismo. Há parques de todos os tamanhos, com mais ou menos infraestruturas, mas todos com um funcionamento idêntico. Há zonas para as tendas, zonas para caravanas e zonas para carros e campervans (muitas vezes misturados com as tendas). Mas também há bungalows e camaratas para alugar.

A estadia é paga por pessoa e ronda uma média de 8€/noite. As crianças pagam sempre menos ou não pagam de todo. Não é preciso reservar com antecedência, os parques são grandes e há espaço com fartura para todos. Mas claro, quanto mais cedo chegarmos ao parque maior é a probabilidade de arranjar um lugarzinho melhor, virado para o lago, suficientemente perto das casas de banho mas longe o suficiente para não sentir o seu cheiro, etc.

São poucos os parques em que a diária inclui o banho. Este normalmente paga-se à parte. Todos os parques por onde passamos tinham máquinas de lavar roupa. Este é outro serviço que se pode comprar e que dá muito jeito no caso de não quererem levar muita roupa. 

Para as caravanas há ainda a possibilidade de alugar a electricidade.

Além destes serviços pagos, os campings têm casas de banho (várias e estrategicamente espalhadas pelo recinto), zona de lavatórios para loiça e centro de visitas (que inclui a recepção, café, refeitório, loja de souvenirs, etc.).  Nos parques mais pequenos o centro de visitas pode restringir-se a um café ou a uma pequena recepção.

Em todos os parques em que estivemos nunca houve nenhum problema. As pessoas são respeitadoras e não se ouve barulho à noite. As casas de banho estão bem equipadas e relativamente limpas.


Há parques que fecham as portas a uma determinada hora e depois disso já não podemos entrar. Normalmente fecham às 22h. Aconteceu com as nossas colegas de viagem que quiseram ver só mais uma coisinha e acabaram por chegar depois da hora de fecho. Acabaram por dormir no carro, no parque de estacionamento do camping.

Mas há outros parques que permitem que te instales fora de horas, e neste caso, logo pela manhã aparecem à tua tenda/carro para cobrar a estadia. Também podes ser incomodado pela manhã se não colares na viatura o autocolante que te dão no check-in, ou seja, podem confundir-te com um fora de horas. Assim, para que tudo corra bem, o melhor mesmo é cumprir as regras ;)

Resumindo, os campings têm o suficiente para seres feliz não gastando muito dinheiro. E sempre podes ir intercalando com uma dormida ou outra em guesthouses, cottages, hotéis e hostels, para renovares as forças e as costas!  

terça-feira, 27 de setembro de 2016

Com a casa às costas!


Hoje vou falar-vos da nossa experiência nómada!

Queríamos dar a volta à ilha e ver o máximo possível em 9 dias. A Islândia é um pouco maior que Portugal e tem uma estrada, construída em 1974, que dá a volta completa ao território (Iceland’s Ring Road – cerca de 1500 km).

Precisávamos de uma solução prática e económica. Pensamos em alugar um todo o terreno pois sabíamos que era indispensável para chegar a determinados lugares. Mas isso obrigaria a levar tenda o que por sua vez aumentaria a carga a levar no avião, afinal éramos 4.

Depois de muito pensar e comparar decidimos que a melhor solução para nós seria alugar uma campervan, um género de carrinha adaptada com camas e cozinha à semelhança de uma autocaravana (as autocaravanas são muito caras).

Procurei a melhor relação preço qualidade mas também a rentcar que nos proporcionasse as melhores condições em termos de localização e horário de entrega e recolha de forma a não perturbar muito o nosso itinerário.

Há muitas rentcars na Islândia com muitas propostas diferentes. Aqui falarei apenas da nossa experiência o que não significa que seja a melhor opção. Aconselho-vos sempre a explorar as vossas possibilidades e encontrar o que melhor se adapta ao vosso plano. Por exemplo, as duas colegas que viajaram connosco preferiram alugar um Toyota Rav4. Tinham assim o conforto dum carro novo no qual podiam dormir quentinhas e em silêncio depois de rebater os bancos traseiros. Esta hipótese sai mais económica que alugar uma campervan para dois que ronda os 180€/dia.

Alugámos a nossa camper na Happy Campers (https://www.happycampers.is/). A nossa camper era o modelo Happy 3 que tem espaço para 5 pessoas. Já não conseguimos a Happy 2, para 4 pessoas e mais barata. A Happy 3 vem equipada com 2 camas e respectivos cobertores e almofadas, cozinha (equipada com utensílios para 5), frigorífico, fogão e uma pia para lavar a loiça (ficam aqui algumas fotos de pormenor que tirei do site). Alugámos ainda um GPS Garmin e dois sacos cama (levamos outros dois de casa). No momento de entrega, ouvimos todas as recomendações e comprámos um mapa das estradas que eles lá tinham à venda (10€), mas não creio que seja necessário. Na própria prateleira com informação turística diversa que eles disponibilizam, encontram bons mapas que podem levar de graça.






Uma coisa que achamos piada foi terem um par de prateleiras com variadíssimos produtos de mercearia deixados pelos ‘campistas’ anteriores que poderíamos levar se nos comprometêssemos a deixar também ali os nossos excedentes na altura de entregar a carrinha. Aceitámos, claro. Arrecadei logo tudo quanto era papel higiénico e papel de cozinha… achei que iria precisar. Levei também café moído (sim, eles emprestam um coffee-press se solicitado), pratos de papel, e mais umas poucas coisas que já não me lembro. Ah, também um bastão de caminhada muito sovado que estava ali encostadinho a pedir aventura.

Depois duma breve explicação sobre o que podemos e não podemos fazer com a camper fomos fazer a vistoria completa (interior e exterior) à carrinha. Tínhamos adicionado ao nosso pacote o ‘seguro contra gravilha’ e o ‘seguro contra cinzas e areia’. Importava portanto confirmar em que estado estava a carrinha antes de sairmos com ela para a aventura. Estes seguros são opcionais e tal como os sacos cama e o GPS podem ser alugados no momento de entrega. Fomos aconselhados a adicionar esses dois seguros, para além do seguro normal que já vem com o aluguer da viatura. Há ainda o seguro contra furtos mas foi completamente desaconselhado por não ser necessário :)  Da mesma forma podem alugar outro material que achem essencial à vossa viagem tal como cadeiras e mesas de campismo, BBQ grill, cadeiras para bebé, etc… O GPS e os seguro pagam-se diariamente mas o restante equipamento paga-se apenas uma vez no acto de aluguer. Se quiserem alternar entre dois condutores podem alugar um ‘extra driver’ pagando mais 35€ apenas uma vez. Atenção que os valores que menciono são sempre referentes à época alta. Para outras épocas é melhor consultar o site da rentcar.

A ideia era portanto levar a casa até às atracções principais e servir de apoio sempre que precisássemos. Praticamente todas as atrações têm apoios turísticos: casas de banho, mesas de piquenique, café, lojinhas de souvenirs, etc…

Quanto às dormidas… fomos advertidos de que a lei mudou recentemente e que actualmente já não é permitido campismo selvagem. Não tínhamos ideia de o fazer mas, aquando da delineação do nosso plano, contei com essa possibilidade para uma eventual emergência. No caso de algum dia que nos atrasássemos e não conseguíssemos chegar ao nosso destino a tempo poderíamos dormir pelo caminho na campervan. Mas não. Tivemos mesmo que seguir o plano à risca e fora uma ou outra noite, chegamos sempre atempadamente aos locais destinados para pernoitar.

Sempre que dormimos na camper dormimos muito bem. Nós, casal, ficámos na cama de baixo (os bancos de trás da carrinha deitados) e os miúdos ficaram na cama de cima, uma plataforma extensível que fica por cima dos bancos, ao nível das nossas cabeças. A camper tem cortinas a toda a volta. Tem ainda uma bateria extra para alimentar um sistema de aquecimento (que só usamos uma vez) e duas luzes interiores.

É claro que é um espaço acatitado para gerir a tralha e a vontade de 4 pessoas. Também obriga a montar e desmontar camas todos os dias. Mas dormi sempre bem (o cansaço físico também ajudou) e voltaria a repetir a experiência, sem dúvida!

O próximo post virá na sequência deste. Falarei dos parques de campismo da Islândia. Até lá bons sonhos e bons planos!

sábado, 17 de setembro de 2016

De malas aviadas



A viagem de avião não é o tema que mais me entusiasma e talvez por isso tenha ficado tanto sem escrever no blog. No entanto é um tema muito importante porque é aqui que gastamos mais dinheiro. Requer alguma ponderação porque há muitas variáveis a considerar: a escolha da companhia, do local de partida, com escala ou sem escala, etc., de forma a conseguir a opção mais cómoda e financeiramente mais atractiva. Inicialmente tentei fazer todo o trabalho sozinha mas confesso que acabei por desistir e colocar o assunto nas mãos de uma agência de viagens fidedigna. No meu caso foi a EasyBookings aqui em Faro (http://www.easybookings.com.pt/), que tornou o processo simples, cómodo e descansou-me da ideia de esquecer alguma coisa importante.

Há voos para a Islândia desde Lisboa, Porto, Madeira e Faro mas todos têm pelo menos uma escala numa qualquer cidade europeia. Creio não haver voos directos de Portugal para a Islândia.

Os preços são muito variáveis… vi valores desde os 250 a mais de 1000€, mas creio que o preço médio rondará os 550€/pessoa (ida e volta). Nós partimos de Faro, o que encareceu um pouco os bilhetes (cerca de 600€/pessoa) mas preferimos pagar essa diferença e ficar mais próximos de casa.

O tempo de voo dependerá da cidade onde fazem escala. No nosso caso foi Munique, tanto para lá como para cá. De Faro a Munique são aproximadamente 3 horas de viagem e de Munique à Islândia são cerca de 4 horas. Aproximadamente 7 horas a voar.

Quando planearem a vossa viagem não esqueçam dos tempos de espera entre voos e as diferenças da hora local de cada país. Na Islândia é uma hora a menos que Portugal e em Munique uma hora a mais. Façam algumas simulações com os vossos dados. Há vários sites de voos que vos podem ajudar nesta tarefa: www.skyscanner.pt, www.momondo.pt, www.jetcost.pt, etc.

Se quiserem um trabalho mais descansado e mais profissional então nada melhor do que contactar a vossa agência de viagens de confiança.

Para quem não se revê num trabalho de casa tão exaustivo, quer no que respeita a viagem de avião quer no que respeita o itinerário na Islândia, há ainda a possibilidade de juntar-se a um grupo pré-formado. É uma prática bastante comum e praticamente todas as agências de viagem de aventura possuem pelo menos um pacote de viagem à Islândia. Vejam por exemplo a Pápa Léguas http://www.papa-leguas.com/ ou a Rotas do Vento http://www.rotasdovento.pt/. Aconselho ainda a visitar o blog do Rui Costa, fotógrafo profissional e amante da Islândia http://www.ruicosta.org/, que está a organizar uma expedição (photo trip) para o ano que vem, em maio – mais info em http://phototrip.ruicosta.org/. No seu blog poderão encontrar dicas muito importantes e práticas que vos ajudarão a tirar o melhor proveito da vossa viagem. Podem ainda acompanhar este artista no Facebook (Rui Costa – Photography), Twitter https://twitter.com/ruijscosta/ e Instagram https://instagram.com/ruijscosta/

Para os mais aventureiros, e com tempo para gastar a aproveitar a vida, há ainda a possibilidade de fazer a grande expedição por terra e por mar. De carro poderão chegar até Inglaterra ou, mais fácil ainda, à Dinamarca, de onde partem ferries para a Islândia. Deve ser algo espectacular e inesquecível. Creio que a viagem dura cerca de 4 dias. Explorem e depois digam-me qualquer coisa. Sou bem capaz de vos acompanhar :D

Ah, por fim dizer-vos que o aeroporto internacional da Islândia fica em Keflavik e não em Reykjavik, a capital. Na capital há um aeroporto mas só faz voos domésticos. Keflavik é uma pequena cidade costeira do sul, a cerca de 50 km de Reykjavik.


Bom fim-de-semana e bom regresso à vidinha de trabalho!