Hoje vou falar-vos da nossa experiência nómada!
Queríamos dar a volta à ilha e ver o máximo possível em 9
dias. A Islândia é um pouco maior que Portugal e tem uma estrada, construída em
1974, que dá a volta completa ao território (Iceland’s Ring Road – cerca de
1500 km).
Precisávamos de uma solução prática e económica. Pensamos em
alugar um todo o terreno pois sabíamos que era indispensável para chegar a
determinados lugares. Mas isso obrigaria a levar tenda o que por sua vez
aumentaria a carga a levar no avião, afinal éramos 4.
Depois de muito pensar e comparar decidimos que a melhor
solução para nós seria alugar uma campervan, um género de carrinha adaptada com
camas e cozinha à semelhança de uma autocaravana (as autocaravanas são muito
caras).
Procurei a melhor relação preço qualidade mas também a
rentcar que nos proporcionasse as melhores condições em termos de localização e
horário de entrega e recolha de forma a não perturbar muito o nosso itinerário.
Há muitas rentcars na Islândia com muitas propostas
diferentes. Aqui falarei apenas da nossa experiência o que não significa que
seja a melhor opção. Aconselho-vos sempre a explorar as vossas possibilidades e
encontrar o que melhor se adapta ao vosso plano. Por exemplo, as duas colegas
que viajaram connosco preferiram alugar um Toyota Rav4. Tinham assim o conforto
dum carro novo no qual podiam dormir quentinhas e em silêncio depois de rebater
os bancos traseiros. Esta hipótese sai mais económica que alugar uma campervan
para dois que ronda os 180€/dia.
Alugámos a nossa camper na Happy Campers (https://www.happycampers.is/).
A nossa camper era o modelo Happy 3 que tem espaço para 5 pessoas. Já não
conseguimos a Happy 2, para 4 pessoas e mais barata. A Happy 3 vem equipada com
2 camas e respectivos cobertores e almofadas, cozinha (equipada com utensílios
para 5), frigorífico, fogão e uma pia para lavar a loiça (ficam aqui algumas
fotos de pormenor que tirei do site). Alugámos ainda um GPS Garmin e dois sacos
cama (levamos outros dois de casa). No momento de entrega, ouvimos todas as
recomendações e comprámos um mapa das estradas que eles lá tinham à venda (10€),
mas não creio que seja necessário. Na própria prateleira com informação
turística diversa que eles disponibilizam, encontram bons mapas que podem levar
de graça.
Uma coisa que achamos piada foi terem um par de prateleiras
com variadíssimos produtos de mercearia deixados pelos ‘campistas’ anteriores
que poderíamos levar se nos comprometêssemos a deixar também ali os nossos
excedentes na altura de entregar a carrinha. Aceitámos, claro. Arrecadei logo
tudo quanto era papel higiénico e papel de cozinha… achei que iria precisar.
Levei também café moído (sim, eles emprestam um coffee-press se solicitado), pratos de papel,
e mais umas poucas coisas que já não me lembro. Ah, também um bastão de caminhada
muito sovado que estava ali encostadinho a pedir aventura.
Depois duma breve explicação
sobre o que podemos e não podemos fazer com a camper fomos fazer a vistoria
completa (interior e exterior) à carrinha. Tínhamos adicionado ao nosso pacote
o ‘seguro contra gravilha’ e o ‘seguro contra cinzas e areia’. Importava
portanto confirmar em que estado estava a carrinha antes de sairmos com ela
para a aventura. Estes seguros são opcionais e tal como os sacos cama e o GPS
podem ser alugados no momento de entrega. Fomos aconselhados a adicionar esses
dois seguros, para além do seguro normal que já vem com o aluguer da viatura.
Há ainda o seguro contra furtos mas foi completamente desaconselhado por não
ser necessário :) Da mesma forma podem alugar outro material que achem essencial à vossa viagem
tal como cadeiras e mesas de campismo, BBQ grill, cadeiras para bebé, etc… O
GPS e os seguro pagam-se diariamente mas o restante equipamento paga-se apenas
uma vez no acto de aluguer. Se quiserem alternar entre dois condutores podem
alugar um ‘extra driver’ pagando mais 35€ apenas uma vez. Atenção que os
valores que menciono são sempre referentes à época alta. Para outras épocas é
melhor consultar o site da rentcar.
A ideia era portanto levar a casa até às atracções
principais e servir de apoio sempre que precisássemos. Praticamente todas as
atrações têm apoios turísticos: casas de banho, mesas de piquenique, café,
lojinhas de souvenirs, etc…
Quanto às dormidas… fomos advertidos de que a lei mudou
recentemente e que actualmente já não é permitido campismo selvagem. Não
tínhamos ideia de o fazer mas, aquando da delineação do nosso plano, contei com
essa possibilidade para uma eventual emergência. No caso de algum dia que nos
atrasássemos e não conseguíssemos chegar ao nosso destino a tempo poderíamos
dormir pelo caminho na campervan. Mas não. Tivemos mesmo que seguir o plano à
risca e fora uma ou outra noite, chegamos sempre atempadamente aos locais
destinados para pernoitar.
Sempre que dormimos na camper dormimos muito bem. Nós, casal,
ficámos na cama de baixo (os bancos de trás da carrinha deitados) e os miúdos
ficaram na cama de cima, uma plataforma extensível que fica por cima dos
bancos, ao nível das nossas cabeças. A camper tem cortinas a toda a volta. Tem
ainda uma bateria extra para alimentar um sistema de aquecimento (que só usamos
uma vez) e duas luzes interiores.
É claro que é um espaço acatitado para gerir a tralha e a
vontade de 4 pessoas. Também obriga a montar e desmontar camas todos os dias.
Mas dormi sempre bem (o cansaço físico também ajudou) e voltaria a repetir a
experiência, sem dúvida!
O próximo post virá na sequência deste. Falarei dos
parques de campismo da Islândia. Até lá bons sonhos e bons planos!